quarta-feira, 18 de maio de 2011

ISSO ACONTECE TODOS OS DIAS EM GOIÂNIA


Trrrriiiiiiiiiiiiiin!!!!!!
São cinco horas da manhã, o despertador toca desesperadamente, avisando a Mundim que é hora de acordar.
Ele acorda, esfrega os olhos ainda deitado, abre a boca num bocejo, assenta-se na cama, não tem outro jeito, é preciso se levantar, pois, a jornada vai ser longa hoje.


Levantou-se e foi se preparar para a viagem, o “Moreira” sai às seis horas e a rodoviária fica distante de sua casa. O pior é que está chovendo lá fora. O dinheiro está contadinho pra viagem, não dá para o táxi, vai ter que enfrentar a chuva. Arruma-se, despede-se da esposa, entra no quarto dos filhos, os abençoa e sai.


Ao sair à porta com um guarda-chuvinha de 1,99 gotejando sobre ele, o pior, cachorros latem brigando com um gato listrado, ele se assusta, escorrega-se e quase cai. Deu pra sentir como será seu dia.


Chega correndo até a rodoviária, visto que a chuva estava forte. O ônibus já estava saindo e ele chega gritando:


— Espere aí, espere aí, eu vou nesse ônibus.
O ônibus para e ele corre ao guichê para comprar a passagem e leva uma bronca do vendedor pelo atraso.


Ao entrar no ônibus o motorista também lhe bronqueia:
— Não tem vergonha de chegar atrasado e retardar a viagem dessa forma não, da próxima vez põe o despertador pra te acordar.


Entra, assenta-se na poltrona 29 ao lado de uma senhora bem gorda que além de ocupar seu assento e ainda parte do dele, olha-lhe com um olhar de censura. E o pior ainda viria, durante aquela viagem, a mulher do lado, dormiu, roncou, tossiu e até conversava dormindo:


— Eu quero um x-salada especial com dois ovos e duas carnes, dois litros de Coca cola, depois vou querer um creme de morango...


Ele a cutuca pensando:
— (E eu que nem tive tempo de comer alguma coisa) Dona, dona, acorda senão vai ter uma congestão.


Enquanto os pneus do ônibus deslizam nas águas da chuva no negro asfalto, ele não consegue cochilar pensando em tudo que precisa fazer na capital e se preocupa com o volume de chuva que cai lá fora, vai ser difícil esse dia.
Já está claro lá fora quando eles chegam na estação rodoviária.


Como tinha muito o que fazer não deu tempo nem de tomar um cafezinho solitário. Ia ter que andar muito e debaixo de chuva, pois não tinha dinheiro para o coletivo, perguntou a alguém ainda na rodoviária como fazia pra chegar em determinado local e perna pra que te quero. Fico pensando, ainda mais ele que gosta de tudo muito arrumadinho, sapatos impecáveis, roupas sem amassar. 


Seus primeiros passos na rua foram trágicos, visto que além da torrencial chuva que seu amigo guarda chuvas não cobria nada além da cabeça, pisou em uma poça d’água e encharcou os pés. Se fosse outra pessoa teria xingado algum palavrão, mas ele não, apenas disse, “ai meu Deus”.

Depois de muito andar, em um determinado local, quando atravessava a rua, quase que uma moto lhe atropela, essa foi por pouco, escapou quase ileso, não fosse a água da enxurrada jogada pelos pneus da moto sobre ele. É ruim hein? Nesse momento pensou em sua casa, sua caminha sequinha e quente e num bom café, bem quentinho, mas voltou logo a si quando uma buzina gritou em seus ouvidos, era um carro que quase lhe pega, mas ele chegou bem do outro lado da rua e quase tromba com um rato velho que passou correndo pela calçada. Ele pensou alto: “Rato nojento, argh!”


Por volta de meio dia, todo molhado e com muita fome entrou num boteco pra comer alguma coisa, talvez um pão com mortadela, que era o que seu dinheiro permitia-lhe comprar. Quando estava entrando passa um garoto correndo e lhe da uma trombada, que se não tivesse segurado na porta teria esborrachado no chão molhado.


Bom, entrou pediu o lanche, comeu e quando foi pagar, passou a mão no bolso que estava vazio, foi quando assustado percebeu que o garoto da trombada havia lhe batido a carteira. E agora como explicar isso ao balconista? Quando lhe timidamente e muito envergonhado disse, o homem meio irônico lhe disse: “Isso acontece todos os dias em Goiânia”.


O jeito foi lavar copos e limpar mesas e o chão do bar pra pagar a conta, o que lhe tomou um tempão e a caminhada até seu destino era ainda longa.


Saiu chateado com a perda da carteira e pensando na frase do homem do boteco: “Isso acontece todos os dias em Goiânia, isso acontece todos os dias em Goiânia...”
Curioso? Depois eu conto o resto...

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