— Oi, tudo bem?
— Sim, tudo.
— Posso perguntar uma coisa?
— Claro, pois não.
— O que você pensa de mim?
— O que você quer ouvir?
— A verdade, sempre a verdade.
— Hein, tem certeza?
— Se estou dizendo.
— Tudo bem então. Lá vai.
— Diz logo, não fica enrolando.
— Ta bom, ta bom. Calma, estou pensando.
— Ih, está assim tão difícil que precisa pensar?
— Uai, quero usar as palavras certas.
— É, já vi tudo, está mesmo me enrolando. Ou então não significo nada pra você.
— Que isso amor, não é bem assim, você é muito sensível. Não seja apressada, essas coisas não se dizem na bucha. Tenho que pensar e usar palavras adequadas.
— Hum, isso tá me parecendo enrolação na certa. Bem que eu desconfiava.
— Desconfiava de que?
— Aí, não disse, já está mudando de assunto.
— Mas foi você quem começou, disse estar desconfiada de alguma coisa, agora pode me dizer, anda logo, vai...
— Para com isso amorzinho, só quero saber o que você pensa de mim, é só, não posso? Às vezes precisamos ouvir que somos amadas.
— Sei não viu, você disse que estava desconfiada de mim e eu não gostei nada disso. Agora sou eu que não quero dizer nadinha e pronto.
— Não estou desconfiada, é maneira de dizer, vai docinho fala logo sobre seu sentimento por mim, vai. Fala pra sua Xuxuzinha.
— É né, desconfia de mim depois fica toda melosa. Essas coisas machucam.
— Ah não queridinho meu, para com isso. Eu é que devia estar brava com você, pois faz um tempão que ta me enrolando.
— (bravo) Eu já disse que não estou te enrolando, agora, que você desconfiou de mim, isso desconfiou e eu quero saber por quê.
— (meio chorosa) O que eu preciso fazer proxê acreditar em mim?
— Eu não disse que não acredito em ti, apenas fiquei bravo com sua desconfiança.
— Vai, para com isso meu docinho de coco.
— Já te disse que não gosto que você me chame assim, odeio côco.
— Desculpa, é só uma maneira carinhosa.
— Se eu não gosto de côco, pra mim não tem nada de carinhoso nisso.
— Deixa pra lá então e me diz o que você pensa de mim.
— Bom, poderia pensar muitas coisas a seu respeito...
— Peraí benzinho,
— Como espera aí? Primeiro você quer saber o que penso a seu respeito, depois quando estou me preparando pra falar você diz estar desconfiada de mim, o que não gostei nem um pouquinho. Agora quando eu começo a falar você me interrompe, quer ou não quer saber?
— Claro que eu quero gatinho, é só pra fazer suspense. Não diz agora, dá um beijinho primeiro e diz que me ama vai. Me chama de meu amor.
— Agora eu vou dizer o que penso de você primeiro, não é isso que você insiste em saber?
— Não, um beijinho primeiro, vai querido...
— Ta bom, ta bom, chega pra cá.
— Ih, lembrei de uma coisa.
— O que foi agora?
— Como eu pude me esquecer disso.
— Esquecer de que?
— A bateria...
— Hã, bateria, que bateria?
— A bateria do celular, ta acabando.
— O que que tem isso a ver, vem cá, deixe eu te dar um beijinho agora.
— Não, espera aí, vou lá dentro por o celular pra carregar.
— Não, deixa eu te beijar primeiro, você não me pediu um beijinho doçura.
— É rapidinho (e sai correndo pra dentro do quarto com o celular na mão)
— Anda benzinho.
— Calma môzinho, to procurando o carregador.
— (pensando) Mulheres, mulheres...
— Não ta aqui na penteadeira, nem cômoda, no guarda roupas também não, deixe me ver na sapateira, não. Onde será que está...
— Queridinha anda logo, você não estava tão curiosa pra saber o que penso de ti?
— Sim, mas já tô indo, é só encontrar o carregador. Vou olhar no banheiro.
— (pensando) Meu Deus, me ajude a entender as mulheres, ou será mais fácil construir a ponte sobre o Oceano Atlântico.
— Benhê, não ta no banheiro também. Será onde que eu coloquei esse negócio.
— Deixa disso, depois você carrega esse “bendito” celular, agora vamos terminar nossa conversa.
— (gritando lá da despensa) Calma, acho que esqueci ele aqui dentro.
— (pensando) Ela sabe que não gosto disso, me deixar aqui sozinho no sofá, já estou ficando impaciente.
— Só mais um pouquinho ta queridinho. Estou quase encontrando.
O tempo foi passando e ela continuava sua busca do carregador de bateria perdido em algum canto, se é que existe um nessa casa mesmo. Enquanto isso ele foi ficando cada vez mais impaciente.
— (falando sozinho) Tem base? Primeiro ela me convida pra vir aqui hoje pois tinha algo muito importante pra me falar, depois me pergunta o que eu penso dela, quando estou me preparando pra falar ela diz que estava desconfiada de mim. Fiquei nervoso, irritado por causa da desconfiança, mas me acalmei e acabei cedendo e quando eu estava pra dizer o quanto a amo, e o quanto ela é especial pra mim, ela me pede um beijo primeiro, pensei que era pra dar aquele clima romântico, até pensei em pedi-la pra colocar aquela nossa música. Quis continuar dizendo, mas ela insistiu no beijo, aí quando eu a chamo pra mais perto pra beija-la, ela me sai com essa, colocar o celular pra carregar, até parece que o celular é mais importante pra ela do que eu, ah, quer saber, isso acontece sempre, eu sou um bobão mesmo, vou embora é agora, ela que beije e abrace esse tal celular. Quero ver se ele pode dizer o que pensa dela, e até bom que não, deve achá-la uma chata preguenta.
Levanta-se, vai até a estante do computador, pega uma caneta e um papel e escreve um bilhete: “Bom, cansei de esperar como sempre, to indo embora, quando achar o carregador me liga, estarei em casa.”
— (ainda falando sozinho) E eu que deixei de assistir ao jogo do meu time pra vir aqui, vou correndo, talvez ainda pegue os melhores momentos, será que o Mengão ganhou?
Mais tarde, bem mais tarde ela volta dizendo bem alto:
— Amor, acho que deixei meu carregador em sua casa outro dia, lembra?
Quando ela viu que ele não estava, logo avistou seu bilhete pregado na tela do computador, ao lê-lo, olhou pro celular em sua mão e disse:
— Bem que eu desconfiava, sabia que ele estava com rolo...
olá lindo amigo, como vai?
ResponderExcluirseu blog está muito romântico assim como vc srsrsr não havia percebido tanto romantismo amigo lindo... bom parabéns por seus escritos, fico por aqui desejando-te tudo de bom
bjos sua amiga Nathália