Um
rapaz chamado Dilon se apaixonou por Zulmira sua colega de sala quando ainda
cursava o Ensino Médio.
Zulmira
era uma moça muito bonita e educada, de bom comportamento, estudiosa e de pouca
conversa. Apesar de sempre sorridente não costumava dar muito assunto aos
garotos.
Ele
muitas vezes servia de chacota para os colegas, pois sempre no mundo da lua na
sala de aula, com certeza imaginando histórias românticas ao lado da moça, não
percebia quando a professora lhe perguntava alguma coisa e acabava ganhando uma
bronca da mestra.
Ele
sempre muito tímido nunca teve coragem de se manifestar para a moça, nem ao
menos se aproximara dela, mas a observava de longe.
Algumas
vezes quis acompanhá-la no recreio ou no caminho de volta para casa no final da
aula, mas sempre tinha alguém por perto e ficava com vergonha, com medo de dar
alguma mancada ou da menina não lhe dar atenção.
Eles
se formaram, o tempo passou, mas Dilon nunca deixou de gostar de Zulmira. Ela
nem ninguém ficou sabendo de sua paixão, mas verdade é que ele nunca conseguiu
esquecê-la, pelo contrário, estava cada dia mais apaixonado.
Moravam
na mesma cidade e um certo dia ela foi trabalhar na mesma empresa que ele.
Ficou feliz em revê-lo e para sua surpresa até lhe deu o número do celular.
Às
vezes parecia que ela estava olhando diferente para ele, fez até um teste,
olhando de repente para ela, e a impressão é que estava sendo observado.
Mas
não quis acreditar pensando que era coisa de sua cabeça.
Também
não tinha coragem de lhe escrever um bilhete, mandar um torpedo no celular nem
ao menos um e-mail se declarando. Era muito tímido para isso. E a vergonha que ficava
só de imaginar tal coisa?
Ela
acabou por pedir demissão para ajudar a mãe a cuidar do pai que adoecera
gravemente.
Depois
de algum tempo Dilon resolveu deixar a timidez de lado e a vergonha que lhe
oprimia, arrumou uma cartolina, escreveu “I love you” e partiu em direção a
casa da garota.
Era
dia ainda, mas ele não se envergonhou com as pessoas na rua. Ora levantava o
cartaz bem alto, ora colocava na altura do peito.
Com
essa onda de manifestações pelo país, começou a ser seguido por um aqui, outro
ali até que centenas de pessoas com cartazes e faixas o seguiam pelo caminho
sem nem ao menos saber qual eram seus motivos.
Quando
chegou à porta da casa de Zulmira já estava anoitecendo e estava tudo fechado.
Ele
começou a gritar “Zulmira, eu te amo”, “Zulmira, eu te amo” e parecia nem
perceber que tanta gente estava ali, e o pior, eles gritavam junto dizendo,
“Zulmira, ele te ama, sai pra fora”.
Apareceu
até uns violeiros e começaram a cantar músicas românticas. Uma linda serenata
com todo mundo cantando junto, mas ela não apareceu.
Quem
acabou por aparecer foi a polícia. Os policiais desceram da viatura e até cantaram.
Teve alguém que pediu pra eles buscarem a moça lá dentro, mas acabaram indo
embora.
Foi
ficando tarde e como nada acontecia a multidão começou a dispersar e todo mundo
foi embora, menos Dilon que acabou dormindo na calçada em frente a casa.
Foi
despertado de manhã com um barulho, era um corretor pregando uma placa de
vende-se na parede da casa.
Foi
quando o jovem ficou sabendo que Zulmira havia se mudado pra outra cidade há
três dias com os pais e colocado a casa a venda.