quarta-feira, 12 de setembro de 2012
COMO ELE VEIO PARAR AQUI?
Noite passada, por volta de uma
da manhã acordei com um barulho em meu quarto, fiquei deitado ainda sonolento
desejando que fossem os cães do vizinho ao lado. É que chovia e eu havia
acabado de pegar no sono e a cama estava muito atrativa, mas para minha
infelicidade o barulho se repetiu e percebi que tinha alguma coisa se mexendo
em meu guarda roupas.
Esse ruído não me era estranho, visto que quando me
preparava pra deitar ouvira algo semelhante, cheguei a dar uma olhadinha pela
casa e não vi nada, então fui dormir.
Bom, levantei-me e ao olhar por
baixo do guarda roupas lá estava ele, um gambá. Então pensei: “como ele veio
parar aqui?”. E fui logo dizendo com voz autoritária: ̶ sai
daí logo, anda.
Me
pergunte se ele saiu, claro que não. Bem que tentei ponderar com ele para que
saísse amigavelmente, pois meu desejo era voltar pra cama imediatamente e
retomar meu sono que estava bem gostoso. Mas acho que ele não entende meu
idioma, pois não deu a mínima para o que eu disse. Cheguei a abrir a porta do
quarto que da para a copa e corri para abrir a porta da cozinha pra ele sair
logo, mas foi em vão.
Lembrei-me do Kleston (meu gato de estimação que vive vestido
com roupa de gato, ou seja, aquele famoso pijama listrado de cinza parece
dormir o dia todo e a noite também.
Parece?
Acho que ele não me estima nem um pouquinho, me deixar sozinho com esse abacaxi
pra descascar. Uai, não era gambá?), mas cadê o bichano? Está presente o tempo
todo miando e relando na perna da gente pedindo comida, importunando, mas
agora, com aquele banquete lá no quarto, comida fresquinha, cadê o “bobão” do
gato? Não me pergunte, pois não sei dizer, só fui vê-lo pela manhã dormindo no
outro quarto.
Não
sei se adiantaria ele aparecer pra ajudar, pois era um gambá e não rato.
Cheguei a pensar que o gatinho sairia correndo de medo, isso sim. Foi melhor
assim, pois não sei qual eu pegaria primeiro, o gato medroso ou gambá intruso.
A propósito: Como ele veio parar aqui? Sabe me dizer se gambás
atravessam paredes ou portas? Tem algum entendido aí? Pois o quarto ficou
fechado o dia inteiro, bom, pode ter caído do telhado, o que acha?
Voltei ao quarto me abaixei
próximo ao guarda roupas e tornei a dizer ao Didelphis, é isso mesmo,
esse é o nome do famigerado que resolveu atrapalhar minha noite de sono. Sabia
que suas fêmeas (não as suas, as deles) costumam dar cria entre dez e dezoito
filhotinhos, se um incomoda, credo, já pensou dezoito? Não quero nem pensar.
Não pense que fiquei batendo papo com ele sobre sua vida conjugal, não é isso
não. Como ia dizendo, tornei a dizer-lhe:
̶ Sai fora logo, se manda daqui cara, na paz.
Como eles não entendem de outro
idioma senão o da vassoura, rodo ou coisa parecida, fui até o banheiro buscar a
vassoura e voltei disposto a afugentá-lo imediatamente. Chegando ao quarto dizendo a que vim e passei a vassoura por
baixo do armário para assustar o “marsupial”.
Então ele se assustou e soltou um
grunhido (será que é esse o idioma dele, não entendi nada. Tenho que arrumar um
tradutor), em seguida saiu correndo e fui atrás dele, pressionado escorregou e
caiu escada abaixo, quando cheguei até ele, estava desacordado e curiosamente
acontecia uma metamorfose e o gambá estava tomando forma de um estranho ser,
parecido com esses extraterrestres vistos em filmes ou desenho animado.
Resolvi chamar uma ambulância do
Samu, mas antes mesmo de eu me mover em busca do telefone, entrou pela porta da
cozinha cinco outros “homenzinhos” daquele. Não me fizeram mal algum, se
dirigiram ao desmaiado e num toque o reanimaram.
Depois de acordado, ele explicou
que havia caído da nave num matagal e tomou a forma do primeiro ser que
encontrou, um gambá. Em seguida se refugiou em minha casa enquanto aguardava o
resgate da aeronave.
Essa é a mais pura verdade, mas
sei que você deve estar duvidando de mim, ta vendo essa barata que invadiu sua
casa nesse exato momento? É apenas um inseto, fica tranqüilo, não vai se
transformar em ET. Fui!