quinta-feira, 30 de agosto de 2012
CHAMADA ERRADA
quinta-feira, agosto 30, 2012
amor, beijo na boca, choro, cidade de Goiás, Heron, Heron do Carmo, heron's, heronjc, telefone
sem comentário
Pelo
telefone uma voz me dizia:
Estou
quase morrendo de saudades de você.
Eu
do outro lado sem compreender perguntei:
Quem é você?
Ela
então diz: Sei que minha voz está estranha por causa do choro,
Mas
não posso acreditar que me esqueceu, meu amor.
Continuava
sem entender e aquela voz não reconhecer,
Quem
será essa pessoa que chora desesperada implorando
Minha
atenção?
nem
aventura, muito menos uma ficada,
Então
lhe perguntei: quem é você afinal
Que
chora inconformada a implorar o meu amor?
Agora
eu só ouvia o som de choro,
Pelo
jeito muitas lágrimas.
Após
muitos soluços e minutos de silêncio,
Ela
então se manifestou, e meio embasbacada
Assim
me questionou: não consigo entender,
Nem
ao menos aceitar que meu amor por você
Nada
significou Elano.
Meu
nome não é Elano,
Foi
aí que percebi que aquela ligação
Era
uma chamada errada e que
tudo
não passara de um tremendo engano.
Alívio.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
CRISTINA E CLAUDINHA
terça-feira, agosto 14, 2012
família, garotinha, Heron, heron's, heronjc, mãe, menina, pai
sem comentário
Cristina era uma menininha acanhada e séria
e acabara de fazer três aninhos. Ela não tinha um pai e seu grande sonho era
que ele chegasse a qualquer dia pra ser como as outras crianças de sua idade.
Sair com ele pra passear segurando em sua
mão e se divertir muito. Ela imaginava os dois brincando de pique esconde,
correndo um atrás do outro e se escondendo pra ser encontrado, ir à praça, ao
parque, se divertir a doidado.
Comecei a namorar sua mãe e a primeira vez
que a vi não me deu a mínima, mas devido aquele namoro começou também um
relacionamento entre nós.
Confesso, não sabia no que daria aquele
namoro, até onde iria, e na verdade esteve por algumas vezes para se acabar,
certo é que cheguei a terminar, mas depois voltamos.
Não quero nem imaginar o que teria sido do
meu relacionamento com a garotinha. É certo que terminando o namoro com sua
mãe, o afastamento dela seria normal.
Mas o bom de tudo é que essa história não
acabou assim. O namoro continuou e passei a ir à casa da namorada e era só eu
chegar para que ela, a menininha, corresse para o meu colo, agora, sempre
sorrindo, e não me largasse mais. Revirava meus bolsos em busca de balinhas e
chocolate, que então passei a carregá-los delas, para que sua busca não fosse
frustrada.
Um dia, ainda no começo, sabia lá eu se
aquele relacionamento teria futuro, estávamos na casa de minha sogra para um
almoço em família, e o priminho da garotinha disse a ela apontando para seu
pai, “eu tenho pai e você não tem”, imediatamente ela, sem precisar pensar duas
vezes, pega na minha mão e diz: “aqui meu pai”. Desse dia em diante, eu não era
mais apenas José para ela, agora eu era “pai” ou “papai”. Lá se vão vinte anos
desse fato, e não consigo ficar sem me emocionar quando me lembro disso.
Essa decisão de Cristina foi tão forte que influenciou sua irmãzinha de
um ano a tal ponto que a primeira palavra dita por ela foi “papai”, pena que eu
não estava perto para ouvir.
Claudinha, sua irmã por sinal também se
apaixonou por mim, ainda não andava, mas quando ouvia minha voz vinha
engatinhando até chegar ao meu colo.
Nossa ligação foi muito grande, quando fui
trabalhar em outra cidade e fiquei quarenta dias longe, e ela sentindo minha
falta perguntou sua mãe quando eu viria, sua mãe disse em julho e a partir daí,
todos os dias ela perguntava: “mãe, hoje é julho?”
Vivia dizendo que queria ir embora comigo
para Curitiba (onde eu estava morando naquela época), se deixasse, acho que
iria.
Quando me casei e fomos embora, grande foi
sua alegria ao chegar à capital paranaense.
Já casados há algum tempo, a garota costumava
dizer para sua mãe que se nós nos separássemos ela ficaria comigo.
Claudinha era muito sapeca, certa vez
deitada no sofá brincava com um prendedor de cabelos, o objeto era pequeno e
ela o enfiou na boca e ele foi parar em sua garganta, quando sua mãe e a babá
viram, ela já estava quase sem ar. Pegaram-na rapidamente pra correr para o
pronto socorro, quando eu por instinto mesmo, enfiei o dedo em sua boca e tirei
aquele negócio que estava quase descendo goela abaixo. Ufa!
Outra vez ela mesma, Claudinha foi para o
banho, se trancou no banheiro abriu o chuveiro e estava lá por horas quando sua
mãe desconfiada pela demora invadiu o recinto abrindo a porta com uma chave
reserva e lá estava a menina sequinha dormindo deitada num canto. Aquele dia a
bronca foi certa e por um longo tempo não se lavou sozinha.
Certa ocasião as garotinhas estavam indo ao
supermercado, sua mãe havia as enviado com a ordem de voltar logo, pois as
compras eram para preparar o almoço e elas tinham que ir para a escola.
Cristina encontrou pelo chão um pedaço de
uma galha de árvore pequena e saiu carregando pelo caminho, em determinado
momento ela resolve jogar para cima e pegar de novo ou jogar para Claudinha e
receber de volta. A rua não estava muito movimentada, mas passava naquele
instante uma camionete e Cristina errou a mão ao jogar a madeira, que foi parar
no vidro do veículo.
Que confusão, o carro parou, o dono desceu
e estava bravo apesar de não ter quebrado nada. Quando as viu, percebeu que as
conhecia, pois era meu amigo e prometeu apenas me contar o acontecido depois,
mas nunca fiquei sabendo por ele. Elas é que muito tempo depois deixaram vazar
tal fato.
Meu amigo na verdade as levou ao
supermercado e ainda deixou-as em casa, que sorte das pequenas.
Elas hoje estão grandes, adultas e levam
sua própria vida, mas tenho muita saudade daqueles tempos em que elas eram
apenas duas garotinhas. História pra contar é que não falta, mas isso fica pra
uma próxima oportunidade.