Sejam Bem Vindos

Espero que curtam e acompanhem meus posts. Conto com a participação de vocês com comentários, sugestões e até mesmo críticas, desde que construtivas.

O Cego de Jericó

Com certeza Bartimeu saiu de casa aquele dia para mais um dia de rotina. Vs. 46 – Sentado à beira do caminho (solitário) - Jesus era seguido de seus discípulos e grande multidão, ele poderia pensar: “será que ele me notará, fará alguma coisa por mim?”

O Vulto da Mulher da Foice

Diz a lenda que em uma pequena cidade do interior, um vulto de uma mulher vestida de negro e com uma foice em punho era vista em pontos diferentes do lugarejo altas horas da noite por muitas vezes.

Seus Olhos

Seus olhos me olham profundamente, Num brilho que reflete em minha alma, Lá no fundo eles me dizem o que seu coração espera,

É Verdade Amor

É verdade amor Não tem mais como esconder O que sinto por você. Relutei, não queria aceitar Pensava: Ela é minha amiga, não posso me apaixonar

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A CARTEIRA







Belize Aparecida era professora e trabalhava numa escola, ministrando aulas para classes de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental na cidade de Faina, interior do estado de Goiás. 

Ela era bem esforçada e procurava se preparar bem para ministrar suas aulas na área de exatas, passando horas a fio estudando à noite. 

E quando estava no colégio procurava se concentrar no trabalho. 
O problema é que, enquanto ela estava em sala de aula, um colega de trabalho, o Brás José, funcionário da secretaria, vivia aprontando com ela. Ora ele pendurava sua bolsa no alto da parede da sala dos professores, próximo ao forro do teto, ora ele colocava a sombrinha da coitada dentro do freezer junto a carnes e frios em geral. 

Em outros momentos ele ligava no celular dela durante as aulas sem identificar o número passando algum trote. Mas isso tudo foi fichinha em vista do que ele fez certa ocasião.

Belize tinha um fusca vermelho que ficava estacionado na porta da unidade escolar enquanto ela lecionava. Então Brás fez uma plaquinha de vende-se, pregou no vidro traseiro do carro e ficou de boa. Ao terminar o expediente, a professora foi para casa sem perceber a trama. 


À noite, ela tranquila assistindo sua novelinha, quando alguém tocou a campainha. Ao atender, o sujeito perguntou se ela era dona do carrinho que estava parado na porta da casa, no que ela afirmou positivamente. Ele perguntou que ano era e disse que comprava o Volks. Ela disse que não estava à venda, o cara insistiu. Taxativa, disse que não. 

O cara começou a ficar nervoso e alterar a voz e ela ameaçou chamar a polícia. Foi quando ele falou que podia chamar, pois, “Se não queria vender, porque colocou a placa de ‘vende-se’?” Agora iriam resolver isso na delegacia. “Eu não coloquei placa nenhuma”, afirmou ela. Foi quando ele a levou até o carro e mostrou. Naquele momento ela soube que tinha sido o Brás. 

E prometeu acabar com ele no dia seguinte. Mas antes teve que convencer o sujeito de que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto. Gastou suas horas de descanso aquela noite nessa encrenca e nem dormiu esperando a hora de quebrar a cara do engraçadinho do “primo”, como o chamava, apesar de não haver parentesco entre eles.

Ao chegar à escola na manhã seguinte, com um rolo de macarrão na mão, disposta a arrebentar a cara do parente mesmo sabendo que isso poderia lhe custar uma suspensão, ficou sabendo que Brás José de Siqueira Dutra, vulgo “Braizin”, havia entrado de licença prêmio e viajado pro México, onde tentaria entrar clandestinamente nos Estados Unidos. 


Ninguém nunca mais teve notícia dele. Há quem diga que está preso na América e outros acreditam que morreu ao tentar atravessar a fronteira. Mas alguém afirma tê-lo visto num ônibus a caminho de Goiás Velho com esposa e filha.

Algum tempo depois Belize foi convidada para assumir a função de secretária administrativa da Superintendência Regional de Educação, o que a obrigava a frequentar a capital do estado, apesar da mesma não conhecer absolutamente nada por lá. Mas qual o problema nisso, um carro da secretaria a levava a Goiânia sempre que necessário. 


O motorista a conduzia aos locais das reuniões de trabalho e até em lugares outros pra resolver problemas particulares. Era uma mordomia daquelas, além do ótimo salário, até que o governo começou a cortar gastos e a mamata acabou. Se quisesse resolver problemas pessoais teria que pagar táxi ou pegar o coletivo.

Determinado dia ela precisou se deslocar até uma clínica para exames e teve que pegar o ônibus. Estava lotado, muita gente mesmo. Agora imagina pegar uma condução dessas e não ter onde sentar. Em pé, e com um cara sovando nela o tempo todo. O sujeito, depois de muito rela-rela, desceu na primeira parada. Foi quando uma pessoa lhe informou que o cara tinha mexido em sua bolsa. 


Ao averiguar percebeu que sua carteira não estava. Gritou para o motorista parar, mas só no ponto seguinte. Ao descer, pensou: “O que estou fazendo, não conheço nada aqui.” Mas ao levantar os olhos avistou o larápio entrando em outro ônibus. 

Agora, sem pensar, gritou e esperneou para que um carro vermelho que passava parasse. Parecia uma louca, só faltou descabelar, mas foi por pouco. Sem contar que quase foi atropelada, o cara parou quase em cima dela. Ainda sem pensar, ela entrou no carro do desconhecido e disse: “Segue aquele ônibus’’.

O carinha, ao saber do caso, parecia um piloto de Stock Car e enquanto dirigia fazia sinais pro motorista do coletivo parar. Até que parou e ela desceu correndo, invadiu o ônibus, passou pela catraca sem pagar, agarrou o marmanjo e foi logo dizendo: “Devolve minha carteira”, mas o cara retrucou: “Que carteira dona? Sua louca.” “Anda logo pilantra, passa pra cá minha carteira.” A discussão seguiu por alguns instantes com uma troca de elogios, “bandido, cachorro, marginal” “louca, perturbada, pinel”. 


Mas, diante de tanta coragem e firmeza, o ladrãozinho, parece que de primeira viagem, começa a amarelar e diz: “Se é sua, diz o que tem dentro.” “55 reais, que é pra eu pagar meus exames, e meu passe pra usar o transporte urbano, satisfeito?”, disse ela. Ele então enfia a mão no bolso e atira o dinheiro e os passes no chão, devolve a carteira e sai xingando-a de louca. Mas ao virar as costas é puxado pela camisa. “Espera aí, seu ‘assaltantezinho’ de merda. 

Deixa eu conferir se meus cartões estão aqui.” Recuperada a carteira com tudo dentro, liberou o punguista e somente de volta ao Faina é que percebeu que estava faltando algumas moedas e o santinho da sorte que carregava no bolsinho.

Belize Aparecida é assim, cheia de histórias. Pensa que acabou? Hoje está aposentada. Encontrei-a num velório esses dias, me contou que voltando a capital recentemente afanaram sua carteira de novo, mas essa aventura eu te conto outro dia.

Ah, esqueci-me de dizer que qualquer semelhança com fatos reais não terá sido mera coincidência.