sábado, 13 de julho de 2013

RECOMEÇO

Max, 40 anos, solteiro desceu apressado do coletivo no terminal, estava atrasado para um importante compromisso naquela manhã em Goiânia. Passou pela catraca, descendo a rampa de saída em direção a faixa de pedestres na avenida ao lado.

Estava movimentada aquela rua, o fluxo de veículos era enorme. A correria de sempre que já se tornou normal para quem vive na capital.

Quando estava próximo da faixa percebeu que uma jovem mulher invadira a pista sem perceber que se aproximava um ônibus. Na certa seria atropelada e morta, pois, pela velocidade da lotação o impacto seria fatal.

Instintivamente estendeu a mão e a puxou pelo braço. Numa fração de segundos conseguiu salvar a moça livrando-a da morte.

Assustada abraçou-o e começou a chorar desesperadamente. Ele a confortava passando a mão em sua cabeça bem devagar e dizendo para ter calma, pois o pior tinha passado e ela havia se salvado.

Max perguntou-lhe se queria que chamasse o Samu ou alguém da família, mas entre soluços, Roberta, esse era seu nome, disse que não precisava de atendimento médico e que seus parentes moravam no interior.

Ele insistiu em ligar para alguém, uma amiga, quem sabe, preocupado que estava com o descontrole emocional dela. Diante de mais uma negativa da jovem, levou-a para um bar do outro lado da rua para dar-lhe algo de beber, talvez água com açúcar.

Assentados à mesa, ela agora mais calma começa a contar-lhe sua vida. Disse-lhe que não foi um acidente, mas que tinha vindo para a capital com a intenção de se matar e a melhor maneira que encontrara era se jogar na frente daquele ônibus.

Mas estava aliviada de não ter concretizado tal plano e grata por ele tê-la salvo.

Aos quinze anos ela conheceu um cara de vinte e se apaixonou ao ponto de enfrentar os pais que não queriam aquele relacionamento e fugiu com ele para outra cidade onde foram morar juntos.

Depois de tudo que ela enfrentou para viver com ele, aqueles anos todos brigada com a família, o cara a expulsou de casa para viver com outra sob a alegação de que não gostava mais dela.

Desesperada, longe dos pais e familiares, se viu sem rumo, sem direção.  Tendo vivido todo aquele tempo dedicada ao marido, quase que isolada do mundo, não teve filhos, nem fizera qualquer amizade. 

O desespero foi tão grande que pensou em dar cabo da vida e era isso que estava tentando fazer quando Max apareceu em sua vida.

Enquanto ela falava, ele a observava. Apesar do rosto vermelho e os olhos inchados de tanto chorar, lhe pareceu uma mulher bonita, atraente e bem jovem.  

Depois de um longo tempo ela já estava mais tranquila e ele tinha lhe convencido de que o melhor era permanecer vivendo, reconciliar com a família e recomeçar. 

Roberta concordou de acompanhá-lo em seus compromissos. Verdade é que Max estava encantado com aquela mulher.

Ele estava tão impressionado com ela que ao atravessar a rua se distraiu e foi atropelado por um caminhão.

Roberta começou a gritar desesperadamente e imediatamente formou-se um tumulto em volta do corpo estendido no meio da rua. Um carro de polícia que passava próximo ao local se aproximou e acionou o socorro médico. Alguém se abaixou ao lado de Max querendo ajudar e disse, “o cara morreu”.

Brincadeirinha.

Na verdade eles nem atravessaram a rua, saíram caminhando pela calçada, agora a moça já sorria das brincadeiras de Max e logo estavam de mãos dadas. Mais adiante se abraçaram e seguiram caminho.


Parece que ali começava uma nova história para Roberta. Seu recomeço.



*** imagens da internet

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