quarta-feira, 3 de julho de 2013

A MANIFESTAÇÃO



Um rapaz chamado Dilon se apaixonou por Zulmira sua colega de sala quando ainda cursava o Ensino Médio.



Zulmira era uma moça muito bonita e educada, de bom comportamento, estudiosa e de pouca conversa. Apesar de sempre sorridente não costumava dar muito assunto aos garotos.



Ele muitas vezes servia de chacota para os colegas, pois sempre no mundo da lua na sala de aula, com certeza imaginando histórias românticas ao lado da moça, não percebia quando a professora lhe perguntava alguma coisa e acabava ganhando uma bronca da mestra.



Ele sempre muito tímido nunca teve coragem de se manifestar para a moça, nem ao menos se aproximara dela, mas a observava de longe.



Algumas vezes quis acompanhá-la no recreio ou no caminho de volta para casa no final da aula, mas sempre tinha alguém por perto e ficava com vergonha, com medo de dar alguma mancada ou da menina não lhe dar atenção.



Eles se formaram, o tempo passou, mas Dilon nunca deixou de gostar de Zulmira. Ela nem ninguém ficou sabendo de sua paixão, mas verdade é que ele nunca conseguiu esquecê-la, pelo contrário, estava cada dia mais apaixonado.



Moravam na mesma cidade e um certo dia ela foi trabalhar na mesma empresa que ele. Ficou feliz em revê-lo e para sua surpresa até lhe deu o número do celular.



Às vezes parecia que ela estava olhando diferente para ele, fez até um teste, olhando de repente para ela, e a impressão é que estava sendo observado.


Mas não quis acreditar pensando que era coisa de sua cabeça.



Também não tinha coragem de lhe escrever um bilhete, mandar um torpedo no celular nem ao menos um e-mail se declarando. Era muito tímido para isso. E a vergonha que ficava só de imaginar tal coisa?



Ela acabou por pedir demissão para ajudar a mãe a cuidar do pai que adoecera gravemente.



Depois de algum tempo Dilon resolveu deixar a timidez de lado e a vergonha que lhe oprimia, arrumou uma cartolina, escreveu “I love you” e partiu em direção a casa da garota.



Era dia ainda, mas ele não se envergonhou com as pessoas na rua. Ora levantava o cartaz bem alto, ora colocava na altura do peito.


Com essa onda de manifestações pelo país, começou a ser seguido por um aqui, outro ali até que centenas de pessoas com cartazes e faixas o seguiam pelo caminho sem nem ao menos saber qual eram seus motivos.



Quando chegou à porta da casa de Zulmira já estava anoitecendo e estava tudo fechado.



Ele começou a gritar “Zulmira, eu te amo”, “Zulmira, eu te amo” e parecia nem perceber que tanta gente estava ali, e o pior, eles gritavam junto dizendo, “Zulmira, ele te ama, sai pra fora”.



Apareceu até uns violeiros e começaram a cantar músicas românticas. Uma linda serenata com todo mundo cantando junto, mas ela não apareceu.



Quem acabou por aparecer foi a polícia. Os policiais desceram da viatura e até cantaram. Teve alguém que pediu pra eles buscarem a moça lá dentro, mas acabaram indo embora.



Foi ficando tarde e como nada acontecia a multidão começou a dispersar e todo mundo foi embora, menos Dilon que acabou dormindo na calçada em frente a casa.



Foi despertado de manhã com um barulho, era um corretor pregando uma placa de vende-se na parede da casa.



Foi quando o jovem ficou sabendo que Zulmira havia se mudado pra outra cidade há três dias com os pais e colocado a casa a venda.

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