domingo, 18 de novembro de 2012

EU NÃO MORRI



É noite e estamos em um belo apartamento com vista para o mar, na sala com pouca luz, sobre a mesa de centro champanhe bem gelada, no confortável sofá uma linda mulher e seu parceiro sorrindo muito brindam e se beijam. A alegria está estampada em seus rostos, parece que algo muito bom acaba de lhes acontecer, o que será?

Enquanto isso num outro lugar, eu estava cansado de observar o tempo, as pessoas, o movimento e nada de acordar, seria mesmo um sonho? Apesar de o tempo estar estranho e mudar de segunda pra sexta tão rapidamente parecia um longo período pra ser um sonho, apesar da confusão de situações ocorridas até ali.

Esforçava-me pra entender e buscava forças nos bons momentos de minha vida nos dias anteriores, a noite de noivado, quando senti um toque nos meus ombros, era o primeiro daquele dia maluco, olhei e percebi um homem alto, forte, iluminado, todo de branco em pé do meu lado com a mão em meu ombro. Ele transmitia paz, olhou-me e com uma voz forte, mas suave me disse: “Você não morreu.” Então apenas repeti em tom de interrogação, “ não morri?” (http://heronfashion43.blogspot.com.br/2012/06/eu-morri.html)

Naquele instante acordei e percebi que estava deitado num lugar escuro, fechado, apertado e quase sem ar. Minha cabeça doía bastante, tentei erguer as mãos com certa dificuldade forçando para cima algo que parecia uma tampa de madeira. Aos poucos consegui levantá-la e para minha surpresa estava em meu quarto, dentro de um grande baú antigo que mantinha em minha casa. Por isso estava meio encolhido quando acordei.

Saí, uma luz acesa no banheiro que estava de porta aberta iluminava o recinto. O clima estava estranho e pesado, algo maligno pairava no ar. Ouvi ruídos de vozes e estalos de beijos vindos da sala, olhei pela fresta da porta entreaberta, não consegui ver nada, pois tinha um corredor separando os cômodos. Caminhei pelo corredor com cuidado e na penumbra da sala percebi aquele casal se beijando. Era meu sócio e ela.

Voltava ao quarto tentando entender o que estava acontecendo, quando escutei meu sócio dizendo, “Tiramos aquele idiota de nosso caminho, e você querida fez tudo direitinho induzindo-o a beber aquela água envenenada. Vamos dar sumiço no corpo e depois de alguns dias avisamos a polícia de seu desaparecimento.”

Novamente no quarto e extremamente confuso com o que estava acontecendo, não podia acreditar que meu amigo e sócio poderia não só planejar quanto executar tal plano contra mim. Tirar minha vida e com ajuda dela.

Corri os olhos em volta do quarto e sobre a cômoda percebi um revólver. Furioso com tudo peguei aquela arma e sem pensar parti para o encontro do casal.

Estavam tão distraídos que somente perceberam minha presença quando já estava na frente deles com a arma apontada. Levaram o maior susto, já que acreditavam que eu estivesse morto dentro daquele baú.

A questão é que comemoraram tanto, por horas, que demoraram a dar fim no meu corpo e por sorte minha, a secretária, incumbida de me envenenar, de tão sonsa usou sedativo que apenas me apagou por horas. Caso eles tivessem agido mais rápido, eu poderia estar de fato morto no fundo do mar onde eles pretendiam me jogar.

Agora estávamos ali de frente. Eu com a arma na mão apontada pra eles e os dois completamente abestalhados e com medo do que aconteceria. Na ira que me encontrava, sem titubear atirei não pensando nas conseqüências. Matei-os e me entreguei à polícia, fui preso, julgado e condenado. Hoje lhes conto essa história fechado em uma cela da penitenciária.

Não se assustem com esse final, na verdade foi o que passou por minha mente ainda no quarto com o revólver na mão, pois estava muito transtornado e revoltado com aqueles dois. 
Foram segundos de indecisão, mas, optei por fazer o correto, liguei pra polícia que logo chegou e os levou.

Minha noiva chegou em seguida,  preocupada. Quando me viu se atirou em meus braços, num forte e apertado abraço. Beijamo-nos apaixonadamente.

FIM

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