terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

O QUE VOCÊ PENSA DE MIM?

— Oi, tudo bem?
— Sim, tudo.
— Posso perguntar uma coisa?
— Claro, pois não.
— O que você pensa de mim?
— O que você quer ouvir?
— A verdade, sempre a verdade.
— Hein, tem certeza?
— Se estou dizendo.
— Tudo bem então. Lá vai.
— Diz logo, não fica enrolando.
— Ta bom, ta bom. Calma, estou pensando.
— Ih, está assim tão difícil que precisa pensar?
— Uai, quero usar as palavras certas.
— É, já vi tudo, está mesmo me enrolando. Ou então não significo nada pra você.
— Que isso amor, não é bem assim, você é muito sensível. Não seja apressada, essas coisas não se dizem na bucha. Tenho que pensar e usar palavras adequadas.
— Hum, isso tá me parecendo enrolação na certa. Bem que eu desconfiava.
— Desconfiava de que?
— Aí, não disse, já está mudando de assunto.
— Mas foi você quem começou, disse estar desconfiada de alguma coisa, agora pode me dizer, anda logo, vai...
— Para com isso amorzinho, só quero saber o que você pensa de mim, é só, não posso? Às vezes precisamos ouvir que somos amadas.
— Sei não viu, você disse que estava desconfiada de mim e eu não gostei nada disso. Agora sou eu que não quero dizer nadinha e pronto.
— Não estou desconfiada, é maneira de dizer, vai docinho fala logo sobre seu sentimento por mim, vai. Fala pra sua Xuxuzinha.
— É né, desconfia de mim depois fica toda melosa. Essas coisas machucam.
— Ah não queridinho meu, para com isso. Eu é que devia estar brava com você, pois faz um tempão que ta me enrolando.
— (bravo) Eu já disse que não estou te enrolando, agora, que você desconfiou de mim, isso desconfiou e eu quero saber por quê.
— (meio chorosa) O que eu preciso fazer proxê acreditar em mim?
— Eu não disse que não acredito em ti, apenas fiquei bravo com sua desconfiança.
— Vai, para com isso meu docinho de coco.
— Já te disse que não gosto que você me chame assim, odeio côco.
— Desculpa, é só uma maneira carinhosa.
— Se eu não gosto de côco, pra mim não tem nada de carinhoso nisso.
— Deixa pra lá então e me diz o que você pensa de mim.
— Bom, poderia pensar muitas coisas a seu respeito...
— Peraí benzinho,
— Como espera aí? Primeiro você quer saber o que penso a seu respeito, depois quando estou me preparando pra falar você diz estar desconfiada de mim, o que não gostei nem um pouquinho. Agora quando eu começo a falar você me interrompe, quer ou não quer saber?
— Claro que eu quero gatinho, é só pra fazer suspense. Não diz agora, dá um beijinho primeiro e diz que me ama vai. Me chama de meu amor.
— Agora eu vou dizer o que penso de você primeiro, não é isso que você insiste em saber?
— Não, um beijinho primeiro, vai querido...
— Ta bom, ta bom, chega pra cá.
— Ih, lembrei de uma coisa.
— O que foi agora?
— Como eu pude me esquecer disso.
— Esquecer de que?
— A bateria...
— Hã, bateria, que bateria?
— A bateria do celular, ta acabando.
— O que que tem isso a ver, vem cá, deixe eu te dar um beijinho agora.
— Não, espera aí, vou lá dentro por o celular pra carregar.
— Não, deixa eu te beijar primeiro, você não me pediu um beijinho doçura.
— É rapidinho (e sai correndo pra dentro do quarto com o celular na mão)
— Anda benzinho.
— Calma môzinho, to procurando o carregador.
— (pensando) Mulheres, mulheres...
— Não ta aqui na penteadeira, nem cômoda, no guarda roupas também não, deixe me ver na sapateira, não. Onde será que está...
— Queridinha anda logo, você não estava tão curiosa pra saber o que penso de ti?
— Sim, mas já tô indo, é só encontrar o carregador. Vou olhar no banheiro.
— (pensando) Meu Deus, me ajude a entender as mulheres, ou será mais fácil construir a ponte sobre o Oceano Atlântico.
— Benhê, não ta no banheiro também. Será onde que eu coloquei esse negócio.
— Deixa disso, depois você carrega esse “bendito” celular, agora vamos terminar nossa conversa.
— (gritando lá da despensa) Calma, acho que esqueci ele aqui dentro.
— (pensando) Ela sabe que não gosto disso, me deixar aqui sozinho no sofá, já estou ficando impaciente.
— Só mais um pouquinho ta queridinho. Estou quase encontrando.
O tempo foi passando e ela continuava sua busca do carregador de bateria perdido em algum canto, se é que existe um nessa casa mesmo. Enquanto isso ele foi ficando cada vez mais impaciente.
— (falando sozinho) Tem base? Primeiro ela me convida pra vir aqui hoje pois tinha algo muito importante pra me falar, depois me pergunta o que eu penso dela, quando estou me preparando pra falar ela diz que estava desconfiada de mim. Fiquei nervoso, irritado por causa da desconfiança, mas me acalmei e acabei cedendo e quando eu estava pra dizer o quanto a amo, e o quanto ela é especial pra mim, ela me pede um beijo primeiro, pensei que era pra dar aquele clima romântico, até pensei em pedi-la pra colocar aquela nossa música. Quis continuar dizendo, mas ela insistiu no beijo, aí quando eu a chamo pra mais perto pra beija-la, ela me sai com essa, colocar o celular pra carregar, até parece que o celular é mais importante pra ela do que eu, ah, quer saber, isso acontece sempre, eu sou um bobão mesmo, vou embora é agora, ela que beije e abrace esse tal celular. Quero ver se ele pode dizer o que pensa dela, e até bom que não, deve achá-la uma chata preguenta.
Levanta-se, vai até a estante do computador, pega uma caneta e um papel e escreve um bilhete: “Bom, cansei de esperar como sempre, to indo embora, quando achar o carregador me liga, estarei em casa.”
— (ainda falando sozinho) E eu que deixei de assistir ao jogo do meu time pra vir aqui, vou correndo, talvez ainda pegue os melhores momentos, será que o Mengão ganhou?
Mais tarde, bem mais tarde ela volta dizendo bem alto:
— Amor, acho que deixei meu carregador em sua casa outro dia, lembra?
Quando ela viu que ele não estava, logo avistou seu bilhete pregado na tela do computador, ao lê-lo, olhou pro celular em sua mão e disse:
— Bem que eu desconfiava, sabia que ele estava com rolo...

Um comentário:

  1. olá lindo amigo, como vai?
    seu blog está muito romântico assim como vc srsrsr não havia percebido tanto romantismo amigo lindo... bom parabéns por seus escritos, fico por aqui desejando-te tudo de bom
    bjos sua amiga Nathália

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